Presidente da Associação Cultural e Esportiva de Guaiçara, Watson Takeo se emocionou ao agradecer o empenho dos associados e voluntários que ajudaram a viabilizar o 22º Bon Odori, realizado no dia 16 de novembro, no Complexo Natal Alves. A emoção tinha explicação. Era a segunda edição do Bon Odori depois da retomada – o evento voltou a ser realizado depois deum hiato de 35 anos. E, pelo jeito, veio para consolidar.
Este ano o Bon Odori contou com a participação das associações filiadas à Federação das Associações Culturais Nipo-Brasileira da Noroeste – Setor 1B, além de convidadas, como Araçatuba, Bastos e Marília.
Estiveram presentes na Cerimônia de Abertura o presidente da Federação Associações Nipo-Brasileiras da Noroeste – Setor 1B, Takenobu Okaji; o presidente da Abcel – Associação Beneficente Cultural e Esportiva de Lins, Massamitu Masuda; o presidente da Associação Cultural Agrícola e Esportiva de Hirano, Shigueru Shiguematsu; o presidente da Associação Cultural e Esportiva Nipo-Brasileira de Promissão, Fabio Maeda; o presidente da Associação Cultural e Esportiva Nikkei de Promissão, Edson Yassunaga; o presidente da Associação Cultural de Cafelândia, Aldo Yamamoto, o presidente da Associação Cultural Agrícola Esportiva Bairro Tangará 2, Fabio Fujikawa; a presidente da Associação Cultural Esportiva Agrícola de Guaimbê, Akemi Miyazato; o representante da Associação Cultural e Esportiva Nikkey de Marília, Mário Tahara; o presidente da Associação Cultural Nipo-Brasileira de Araçatuba, Kazoshi Shiraishi e o presidente da Associação Cultural e Esportiva Nikkei de Bastos, Claudio Yoshida; além do secretário municipal de Esportes, Milton dos Santos – mais conhecido como Mitika -; o vereador Lucas Fernandes, entre outros.
O Bon Odori foi abrilhantado pelas participações do Grupo Gakudan de Guaimbê e pelo grupo de taikô Dantai Fênix, de Presidente Prudente, atual campeão Brasileiro da modalidade.
Na praça de alimentação, destaque para a famosa coxinha de massa de mandioca preparada com muito carinho pelas senhoras do Nihonjinkai da associação. Para esta edição, foram produzidas 2.300 coxinhas pequenas e outras 300 grandes. Além de carinho no preparo, outro ingrediente importante para o sucesso do salgado é a máquina adquirida na gestão de Watson, que atualmente cumpre seu segundo mandato à frente da ACEG. O equipamento permitiu uma formidável economia de tempo e permitiu uma maior otimização das atividades.
Guerreiros – Em sua fala, Watson Takeo – que deve permanecer mais um ciclo à frente da associação – agradeceu o empenho dos “guerreiros” – referindo-se à diretoria, associados e voluntários. “Não tem dinheiro que pague isso”, disse ele, que, ao jornal Brasil Nikkei, lembrou que teve uma certa dificuldade no início de sua gestão para implementar suas ideias.
A própria aquisição da máquina de modelar coxinhas foi um exemplo. A sugestão só foi aprovada depois de reuniões e uma demonstração in loco. “Antes demorávamos muito e nem sempre as coxinhas ficavam do mesmo tamanho e formato. Com a máquina, além de tempo, ganhamos também qualidade”, conta Watson, lembrando ainda que antes a associação preparava apenas yakisoba e coxinhas para as festas que participa – a principal delas é a Festa de São João Batista, realizada pela Prefeitura Municipal com apoio da Câmara Municipal e que costuma acontecer praticamente durante todo o mês de junho.
Com o “tempo livre”, foi possível até pensar em inovações, como o tempurá, pastel e, mais recentemente, a salsicha com massa de mandioca – sucesso de venda na quermesse. E o cardápio gastronômico não deve parar por aí. “O próximo deve ser o bolinho de queijo”, antecipa Watson, que afirma prezar pelo espírito de união.
“Aqui temos apenas um departamento, que é o Nihonjikai. Acredito que a criação de muitos departamentos ajuda quando a associação é grande, no nosso caso, atrapalha porque acaba criando uma separação”, explica o presidente, acrescentando que a divisão das tarefas é solucionada com a nomeação de diretores/líderes para cada assunto.
Mescla – “A gente nota que as pessoas se engajam mais”, diz Watson, lembrando que a associação conta atualmente com cerca de 60 famílias associadas. Parte delas, ele conseguiu atrair de volta indo de casa em casa. “Por um motivo ou outro, muitas pessoas acabaram se afastando”, afirma Watson, que conta em sua diretoria com jovens como o vice-presidente, Vagner Ito, e o secretário Yukio Bosso, de 76 anos.
“Precisamos da opinião dos mais experientes, mas podemos – e devemos – fazer diferente, mantendo a tradição”, destaca Watson, acrescentando que decidiu retomar a realização do Bon Odori por se tratar de “uma tradição que veio com nossos antepassados”. “E o papel de uma associação é justamente o de promover a união e transmitir a cultura para que isso se perpetue”, afirma Watson que, aos 42 anos, é um dos mais jovens presidentes das associações da Noroeste.
Presidente da Federação das Associações Culturais Nipo-Brasileiras da Noroeste – Setor 1B, Takenobu Okaji lembrou que o Bon Odori deste ano fez parte das comemorações dos 116 Anos da Imigração Japonesa e dos 129 Anos do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação Brasil-Japão.
União – Segundo Okaji, ao longo dos anos, o Bon Odori “vem sendo realizado como objetivo de preservar e transmitir a cultura japonesa para as gerações futuras e para os não-descendentes. Possibilitou a criação de laços de amizade com pessoas de outras localidades, além de auxiliar a integração social dos imigrantes e seus descendentes com a sociedade brasileira”, disse, explicando que, “nos dias de hoje, onde existe a discórdia, lutas e sofrimentos, sinto, ao participar deste evento, refletirmos para que a consciência humana seja despertada para a importância da fraternidade entre os seres humanos e que a paz seja uma realidade para todas as pessoas e para todos”.
“Vamos nos unir, somar nossos esforços e pensamentos. Devemos até divergir, mas sem nos dispersarmos. Enfim, construirmos e caminharmos juntos para um futuro promissor, sempre em parceria com uma comunidade”, observou Takenobu Okaji, que concluiu sua fala afirmando que, “a vida sempre existirá graças ao passado e o futuro sempre existirá graças presente”.
Ao jornal Brasil Nikkei, o secretário de Esportes Milton dos Santos afirmou que acompanha o Bon Odori de Guaiçara “há muito tempo”. “A comunidade japonesa, através da Associação Cultural e Esportiva de Guaiçara, tem feito um trabalho muito importante dentro da nossa cidade em todos os setores, seja ele cultural, esportivo ou social”. “Além disso, trata-se de uma festa que agrega valores importantes trazidos pelos japoneses, como a disciplina, a resiliência e o respeito aos mais velhos”, afirmou o secretário.
Resgate histórico – Para o vereador Lucas Fernandes – que ao lado de Ronald Adriano Rodrigues destinou emenda impositiva para a realização da festa – o Bon Odori “representa o resgate histórico da comunidade japonesa no município de Guaiçara”.
“Para quem não sabe, um dos pilares da fundação de Guaiçara foram justamente os japoneses. E eventos como o Bon Odori são de extrema importância porque, além de divulgar a cultura japonesa para que mais pessoas possam conhecê-la, também valorizar a tradição”, explicou o parlamentar, lembrando que, no dia 18 de junho, em uma sessão solene especial, a Câmara Municipal de Guaiçara prestou uma homenagem aos 116 anos da imigração japonesa no Brasil.
Na oportunidade, 40 famílias japonesas receberam diplomas de congratulações em reconhecimento à sua contribuição significativa para o desenvolvimento e a cultura do município.
O Bon Odori de Guaiçara terminou com um animado matsuri dance.
Para 2025, conforme apurou o Brasil Nikkei, a Diretoria da Aceg estuda a possibilidade de realizar o evento em um espaço maior. Por enquanto, o presidente Watson Takeo prefere não antecipar detalhes da festa.
(Aldo Shiguti)