Em comemoração aos 116 Anos da Imigração Japonesa, 106 Anos da Colonização Japonesa em Promissão, 101 Anos de Emancipação Política de Promissão e 6º Ano da Era Reiwa e Na Luta Pela Paz Mundial – Por um Mundo Livre de Bombas Atômicas, a Associação Cultural e Esportiva Nipo-Brasileira de Promissão, em parceria com a Prefeitura Municipal de Promissão e apoio da Fundação Kunito Miyasaka, ABJICA (Associação dos Ex-Bolsistas Jica – SP) e Associação Brasileira de Ex-Bolsistas do Gaimusho Kenshusei, realizaram no dia 9 de novembro, no Parque das Águas, em Promissão, a sexta edição do Tooro Nagashi.
Evento da cultura japonesa que homenageia os antepassados com a soltura das lanternas da paz, o Tooro Nagashi de Promissão contou com a celebração, pela sacerdotisa Chijo Okayama, do Tempo Honpa Hongwanji de Lins, de um Ofício em Memória a Todos os Antepassados que faleceram em Promissão.
Em sua mensagem, a religiosa disse que também pediu em suas orações para que fizesse um tempo bom no dia do evento – choveu intensamente na região nos dias que antecederam o Tooro Nagashi. Coincidência ou não, o sol brilhou no sábado.
“Graças à vontade todos, nossas preces foram atendidas”, disse Chijo Okayama, que explicou ainda o significado do tooro nagashi (onde tooro significa “lanterna de papel” e nagashi “levar-se ao vento”). Segundo ela, no Japão, o evento é realizado na época de finados e é celebrado em três. No primeiro dia, as lanternas são acesas para desejar boas-vindas às almas dos entes queridos que se foram e no terceiro dia, as lanternas são lançadas no rio para que os espíritos retornem em paz e continuem a nos proteger.
Para ela, o Tooro Nagashi de Promissão se reveste de um significado ainda mais especial por ser realizado na terra de Shuhei Uetsuka, carinhosamente chamado de o “Pai da Imigração Japonesa” pela comunidade japonesa.
Durante a celebração, o diretor da Acenpro, Kozo Nakasato, entregou à reverenda o livro com os registros de todos os imigrantes falecidos em Promissão de 1920 até os dias hoje. Para Chijo Okayama, no primeiro ano observa-se uma predominância de óbitos de crianças e jovens, “dando a entender o quanto foi difícil o início para os imigrantes”. E finalizou desejando para que o Tooro Nagashi de Promissão prossiga por muitos e muitos anos.
Abertura – Em seguida, teve início a cerimônia oficial de abertura, com os discursos do presidente da Acenpro, Fábio Maeda; do prefeito de Promissão, Artur Manoel Nogueira Franco; e da cônsul Adjunta do Consulado Geral do Japão em São Paulo, Chiho Komuro. Aliás, foi a primeira visita de Chiho Komuro à região.
Ela aproveitou a estadia para conhecer a Praça Shuhei Uetsuka – local que serviu de palco para a recepção à Princesa Mako, em 2018, e onde são realizados o Undokai (Gincana Poliesportiva) e o Tanabata Matsuri (Festival das Estrelas) – ambos pela Acenpro. Chiho Komuro conheceu ainda o Recinto de Exposições de Promissão, onde será realizada a celebração dos 130 Anos do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação Brasil-Japão em Promissão, o Santuário Cristo Rei (primeira igreja no Brasil construída por imigrantes japoneses) e o memorial dos Imigrantes de Hirano, em Cafelândia.
Princesa Mako – Em seu discurso, Fábio Maeda lembrou que o ano de 2018 “foi muito especial para todos nós”. “Pela primeira vez em cem anos uma representante do imperador do Japão pisou em terras promissenses. Durante sua visita, percebemos que ela tinha muito respeito com os antepassados e imigrantes pioneiros ao depositar as flores no Komyo Kwannondo e percebemos a felicidade em seu rosto ao cumprimentar os idosos e ao acenar para as crianças, além de alegria por estreitar os laços de amizade entre o Brasil e o Japão ao inaugurar o marco do centenário da colonização japonesa em Promissão”, explicou Maeda, acrescentando que a princesa Mako “possui ainda um ar moderno, sofisticado e ao mesmo tempo lindo.”
“Sendo assim, no ano seguinte, em 2019, com a finalidade de transmitir e eternizar essas mensagens do imperador do Japão, demos início ao primeiro Tooro Nagashi de Promissão, um evento onde homenageamos os antepassados, reunimos os jovens e adultos, divulgamos a cultura japonesa, estreitamos os laços de amizade entre o Brasil e o Japão e inovamos soltando lindas lanternas brilhantes”, explicou.
Patrimônio Imaterial – “Hoje já estamos na 6ª edição do Tooro Nagashi e gostaria de aproveitar essa oportunidade para informar aos senhores e senhoras que através de um trabalho em conjunto de pesquisadores japoneses e brasileiros, o Tooro Nagashi de Promissão e o de Registro estão em fase final de serem reconhecidos como patrimônio imaterial. Segundo os pesquisadores, será a primeira atividade da cultura japonesa a ser reconhecida como patrimônio imaterial no Brasil”, disse ele, que ainda transmitiu outra boa notícia.
“A cidade de Nagasaki, no Japão, através da Associação Cultural Esportiva Nipo-Brasileira de Promissão, convidou a cidade de Promissão a lutar pela paz mundial, um mundo livre de bombas atômicas. E hoje estamos lutando, soltando lindas lanterna da paz, e quem sabe possamos receber a visita de uma princesa japonesa novamente”, concluiu.
Gratidão – Para o prefeito, o momento era de agradecer. “A primeira edição do Tooro Nagashi aconteceu em 2019, na nossa gestão, e já é um marco. Agora está prestes de se transformar em propriedade imaterial no Estado de São Paulo. Para mim, é mais um motivo de gratidão, assim como foi a visita da princesa e todos os outros eventos realizados pela comunidade nikkei”, explicou o prefeito, afirmando que “esse evento, na realidade, essa soltura das lanternas, é um momento de lembrança de nós prestarmos as homenagens aos antepassados, dos imigrantes falecidos do nosso município”.
Em final de mandato, Artur Manoel Nogueira Franco explicou que era também um momento de agradecer à comunidade japonesa “por tantos eventos, por tantos acontecimentos, por tantos momentos de felicidades que vocês nos proporcionaram”. “Serei eternamente grato a todos vocês por tudo, pela parceria, por tudo que nos proporcionaram”, destacou o chefe do executivo.
Brasil-Japão – A cônsul Chiho Komuro também manifestou sua alegria tão logo foi informada que os Tooros Nagashis de Registro e o de Promissão serão reconhecidos como “Patrimônios Imateriais”. E disse que era uma grande honra celebrar este tradicional evento da cultura japonesa em Promissão, “cidade que abrigou o primeiro núcleo da colonização japonesa no Centro-Oeste paulista com a vinda do pai da imigração Shuhei Uetsuka”.
“Ao longo de mais de um século, a comunidade nipo-brasileira, a qual dedico a minha profunda gratidão, tem se empenhado em preservar e difundir a tradição e a cultura japonesa. A flutuação das lanternas, amplamente conhecidas como um símbolo de paz e esperança, é um ritual realizado em diversas cidades do Japão durante o período do Obon, equivalente ao dia de finados”, explicou, acrescentando que “a cerimônia não apenas homenageia a memória dos falecidos, mas também proporciona conforto espiritual aos participantes”.
E prosseguiu: “Além disso, o ritual possui um significado cultural mais profundo que é o fortalecimento dos laços familiares e comunitários. Gostaria de oferecer minhas orações às almas dos imigrantes pioneiros que cultivaram estas terras e aos vossos ancestrais, desejando que as luzes das lanternas iluminem seu caminho em direção à paz e descanso merecido”, destacou Chiho Komuro, lembrando que no próximo ano será celebrado os 130 anos das relações diplomáticas entre o Brasil e o Japão e que é através de eventos como estes que as relações de amizade entre o Japão e o Brasil se fortalecem cada vez mais.
Em seguida, autoridades e representantes do Setor 1B da Federação das Associações Culturais Nipo-Brasileiras da Noroeste se posicionaram à frente do palco para receber seu tooro (barquinho).
Conforme explicou o presidente Fábio Maeda ao jornal Brasil Nikkei, este ano foram confeccionais cerca de 800 barquinhos pela Legião Mirim de Promissão.
Com a ajuda do Grupo de Escoteiro Shuhei Uetsuka de Promissão, uma a uma as lanternas foram soltas na lagoa do Parque das Águas. No dia seguinte, elas foram recolhidas por voluntários da Acenpro, com a ajuda do corpo de bombeiros de Promissão.
Finalizada a parte religiosa, o público teve oportunidade de conferir apresentações de taikô (tambores japoneses), a dança do leão mitológico de Okinawa, o cantor Henrique Suzuki (Campeão Paulista em 2023 e Campeão Brasileiro de Música Japonesa em 2024), Yosakoi Soran de Araçatuba e Bon Odori com o Grupo Gakudan de Guaimbê. Um animado matsuri danced encerrou a programação, que teve ainda uma praça de alimentação com vendas de comida típica japonesa.
(Aldo Shiguti)