COMUNIDADE / AMAZÔNIA OCIDENTAL
Amazônia Ocidental busca ampliar rede de contatos com países da América Latina
Com o intuito de ampliar a rede de contatos entre as associações nikkeis da Amazônia Ocidental (composta pelos Estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima) e países da América Latina, a Associação Nipo-Brasileira da Amazônia Ocidental (Nippaku) e o Consulado Geral do Japão em Manaus realizaram, no dia 16 de março, na sede da Nippaku, em Manaus (AM), a 1ª Reunião Internacional Nikkei com a participação de associações nikkeis da Bolívia, Colômbia, Cuba, Peru e Venezuela.
O evento contou com a participação do cônsul geral do Japão em Manaus, Yuichi Miyagawa; do presidente da Nippaku, Hajime Hattori; do presidente do Bunkyo – Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social -, Renato Ishikawa (acompanhado de sua esposa, Olga Ishida); do presidente da Koutakukai (Associação Koutaku do Amazonas), Valdir Sato e do presidente da REN (Rede de Empreendedores Nikkeis) da Amazônia, Rodrigo Fugii, além do vice-presidente e do secretário-geral da Nippaku, respectivamente, Jorge Higa e Ken Nishikido.
Primeira Reunião Internacional Nikkei teve como objetivo ampliar a rede de contato entre os países participantes
Participantes – Além da Nippaku, estiveram presentes os presidentes das associações que, um dia antes (15 de março), na mesma Nippaku, participaram da 2ª edição do Finiamo – Fórum de Integração Nikkei da Amazônia Ocidental (leia matéria na edição anterior do jornal Brasil Nikkei): Aniely Hideshima, da Associação Nipo-Brasileira de Roraima (Anir); Mariela Tamada, da Associação Nipo-Brasileira de Rondônia; Eduardo Kawada, da Associação Nipo-Brasileira do Acre; Amilton Neo, da Associação Nipo-Brasileira de Maués; José Elizeu Sena Inomata, da Associação Nipo-Brasileira de Parintins; Hifumi Sato, da Associação Nipo-Brasileira de Efigênio de Sales e Mitiko Takahashi, da Associação Nipo-Brasileira de Asahi (Sol Nascente).
As delegações estrangeiras foram representadas por Oscar Shigeru Aniya Nagamine, administrador da Associação Nikkei Boliviano-Japonesa; Alex Jyumpei Ikeda Asano, vice-presidente do Conselho de Educação da Associação Boliviano-Japonesa de San Juan; Hisae Suguimitzu Trillo, diretora do Departamento de Juventude da Associação Peruana-Japonesa (APJ); Kaori Miyahira Gushiken, secretária da Juventude e Cultura da Asociación Estadio La Unión (Aelu); Hugo Kuratomi Nakayama, tesoureiro e membro da Junta Diretiva da Associação Colombo-Japonesa; Miguel David Lopez Zarate, administrador da Associação da Amizade Colombo-Japonesa Seccional Atlântico; Kunio Sakama, vice-presidente da Federação Nikkei Japonesa da Venezuela; Yuiji Yuichi Negishi Tovar, membro da Federação Nikkei Japonesa da Venezuela; Yoancy Keiko Blanco Kubo, presidente da Sociedade da Colônia Japonesa de La Isla de la Juventude de Cuba e Yaima De Las Mercedes Iha Miranda, membro do Comitê Gestor da Colônia Japonesa de Cuba.
Participantes foram recepcionados na Residência Oficial do cônsul
Desafios – A apresentação – como no Finiamo – ficou a cargo mais uma vez da dupla Lie Shishido e Tsuyoshi Yokota. Anfitrião, o presidente da Nippaku saudou todas as delegações afirmando se tratar de um evento inédito e muito importante para “conhecermos e trocarmos experiências com as associações nikkeis de outros países”.
Segundo ele, “trata-se de uma oportunidade para enriquecermos nossos conhecimentos e criamos uma rede de conexão para trocarmos informações e experiências contribuindo assim com o desenvolvimento das atividades nikkeis em cada comunidade aqui presente”. “É um grande avanço para todos nós”, acrescentou Hajime Hattori.
Antes das apresentações dos participantes, foi apresentada uma mensagem, em vídeo, do diretor geral para a América Latina e o Caribe do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão, Yasushi Noguchi. Ex-cônsul geral do Japão em São Paulo, Noguchi lembrou que, em maio do ano passado, o ex-primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida visitou Brasília, São Paulo e Paraguai. Em novembro, foi a vez do atual premiê Shigeru Ishiba visitar o Rio de Janeiro e Lima, no Peru.
“Em todas essas ocasiões, o primeiro-ministro teve oportunidade de interagir com a comunidade nikkei. Isso demonstra o quanto o governo japonês valoriza a colaboração dos nikkeis”, disse Noguchi, acrescentando que essa Reunião Internacional era a primeira tentativa do governo japonês em focar em pequenas comunidades nikkeis e que, “embora existam circunstâncias de país para país, há desafios universais comuns em todas as regiões”.
Participantes, autoridades e convidados da Reunião Internacional
Última gota de gasolina – O evento serviu para mostrar as diversas realidades por que passam as comunidades nikkeis na América Latina. Por um lado, casos bem-sucedidos como as associações peruanas. Atualmente na sexta geração de descendentes de japoneses (rokusei), o Peru conta com diversas instituições nikkeis bem estruturadas, como a própria Associação Peruana Japonesa e a Aelu, além de várias instituições de ensino. Ao logo do ano, as associações nipo-peruanas realizam mais de 200 atividades.
Na outra ponta, o empenho de associações dos demais países para levar adiante o legado deixado pelos pioneiros japoneses em suas respectivas localidades, mesmo diante de dificuldades que, às vezes, podem parecer intransponíveis.
Como o caso do vice-presidente do Conselho de Educação da Associação Boliviano-Japonesa de San Juan, Alex Asano. Em sua apresentação, disse que seu país se encontra em meio a uma crise política e econômica e que para participar do evento, “gastamos a última gota de gasolina para podermos chegar até o aeroporto”.
Hugo Kuratomi Nakayama, tesoureiro da Junta Diretiva da Associação Colombo-Japonesa, lembrou que o Tratado de Amizade, Comércio e Navegação Colômbia-Japão foi assinado em 1908 e que a imigração em seu país teve início em 1929, com a chegada das primeiras cinco famílias de imigrantes. Sansei, Nakayama explicou que entre as principais dificuldades estão a falta de identidade nikkei, o compromisso da comunidade com suas atividades e a necessidade de uma maior transmissão de conhecimentos para as novas gerações.
Mesa com representantes de associações nikkeis da Amazônia Ocidental que participaram da Reunião Internacional
Em Cuba e Venezuela – Kunio Sakama, vice-presidente da Federação Nikkei Japonesa da Venezuela comentou que a comunidade nikkei em seu país oscila entre 300 e 350 pessoas, “mas estima-se que seja de três a quatro vezes maior”. “Somos uma comunidade pequena em comparação a outros países”, disse, lembrando que a imigração japonesa na Venezuela teve início em 1928 e hoje a comunidade nikkei encontra-se na quarta geração – os chamados yonseis.
Entre as dificuldades atuais encontradas para a divulgação da cultura japonesa, Sakama apontou a situação sócio-econômica e política do país.
Em Cuba, com cerca de mil descendentes de japoneses – sendo um membro da geração rokusei – a comunidade nikkei também enfrenta uma série de obstáculos como a perda da identidade japonesa, os desafios econômicos, a distância geográfica e o acesso às redes sociais e a perda da língua japonesa e suas tradições.
Representantes das associações nikkeis do Brasil e da América Latina
Confraternização – Em sua fala, o presidente do Bunkyo, Renato Ishikawa reforçou a sugestão do presidente da Nippaku, para que se criasse uma rede de contatos entre os participantes para facilitar a troca de informações. Ele também destacou a importância de um planejamento para “prever o que vai acontecer” e a preocupação de se preparar sucessores nas associações.
Por fim, Renato Ishikawa frisou a necessidade de se criar um museu dentro das associações com o intuito de abrigar a história da imigração em cada localidade. E colocou o Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil – considerado um dos principais do gênero no mundo – para eventuais consultas.
Encontro reuniu representantes de cinco países da AL em Manaus
O cônsul Yuichi Miyagawa destacou que o objetivo desta primeira reunião internacional nikkei é ampliar a rede de contatos entre as diversas organizações nikkeis, trocar opiniões sobre as iniciativas que estão sendo realizadas em cada país e os desafios que enfrentam. “Além disso, busca compartilhar conhecimentos e fortalecer ainda mais os laços existentes entre as comunidades nikkeis da América Latina e sua conexão com o Japão”, explicou o cônsul, que um dia antes abriu as portas de sua residência oficial para recepcionar todos os representantes dos países participantes em um descontraído jantar de confraternização.
(Aldo Shiguti)
Representantes das associações nikkeis da Amazônia Ocidental e do Peru