TRADIÇÃO
Yakisoba de Suzano se torna o primeiro patrimônio imaterial da cidade
O Conselho Municipal do Patrimônio Cultural (Compac) de Suzano definiu, no dia 27 de março, em reunião no Centro de Educação e Cultura Francisco Carlos Moriconi, no centro, o tombamento do yakisoba de Suzano como o primeiro patrimônio imaterial da cidade. A ideia partiu do diretor de Agricultura da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Geração de Emprego, Minoru Harada, então presidente da Comissão do Centenário da Imigração Japonesa, durante as festividades comemorativas em 2022. O pedido foi protocolado e, desde então, o conselho conduziu estudos detalhados sobre a relevância do prato para a cultura suzanense.
Foram dez votos favoráveis, obtendo unanimidade. A apresentação do parecer final foi feita por Katherine Tanimura, pesquisadora e produtora que conduziu entrevistas e levantamentos acadêmicos para entender a trajetória do yakisoba em Suzano. O relator do processo foi o presidente do Compac, Renan de Lima Franco.
“O reconhecimento do yakisoba de Suzano como patrimônio imaterial é um marco histórico para a cidade. Esse prato carrega uma forte tradição, sendo parte fundamental das festividades locais e das associações que o preparam há décadas”, afirmou Franco.
Reconhecimento do yakisoba de Suzano como patrimônio imaterial é um marco histórico para a cidade
Memórias – A pesquisa conduzida pelo conselho apontou que a relação entre o yakisoba e a cidade remonta à influência da comunidade nipônica desde o início do século 20. A popularização do prato em festividades e eventos ajudou a consolidá-lo como um símbolo gastronômico local e também uma fonte de recursos para associações comunitárias.
Além de Franco, Harada e demais integrantes do Compac, também estiveram presentes na reunião o presidente da Associação Cultural Suzanense – Bunkyo, Reinaldo Katsumata, e o CEO da Pastifício Hirotani Seimen, Paulo Hirotani.
Para Minoru Harada, o reconhecimento valoriza também a história e a tradição do povo japonês na cidade. “O yakissoba de Suzano representa mais do que um prato. Ele carrega memórias, história e uma cultura de resistência. O tombamento é um reconhecimento justo dessa identidade tão presente em nosso dia a dia”, destacou o diretor de Agricultura.
Reunião que aprovou o tombamento do yakisoba de Suzano como patrimônio imaterial
História – Ao jornal Brasil Nikkei, o presidente do Bunkyo de Suzano, Reinaldo Katsumata, disse que, durante a pesquisa, foi levantado que a que a primeira fábrica de macarrão para yakisoba foi a Hirotani Seimen, do senhor Yasumasa Hirotani, ficava em Suzano. “Existia uma fábrica em Bauru, que fazia o macarrão para somen e udon. Mas do tipo yakisoba mesmo era produzido pelo Pastifício Hirotani Seimen, que fica em Suzano”, conta Katsumata.
Ele recorda que o senhor Yasumasa Hirotani foi presidente do Bunkyo de Suzano e a esposa dele, dona Yoko, foi presidente do Haha No Kai (Associação de Mães).
“Em 1972 eles fizeram o primeiro yakisoba aqui em Suzano para angaria fundos. Na época, foram utilizados cerca de 50 quilos de macarrão”, disse Katsumata, explicando que atualmente, na Festa da Cerejeira do Bunkyo de Suzano – que este ano chega a sua 38ª edição, em julho – são usadas duas toneladas de macarrão para yakisoba, que se tornou o carro chefe do evento.
“E vale lembrar que no Japão o macarrão para yakisoba é o ankake, o mesmo usado nos nossos eventos e que se popularizou mundo afora”, diz Katsumata, destacando que a cidade de Suzano já é conhecida em muitos lugares do país pelo tradicional yakisoba, “do jeito que é feito, isto é, artesanalmente, nada industrializado”.
“Então, para nós é um orgulho muito grande o fato de Suzano ser representada através do yakisoba”, explica o presidente do Bunkyo, acrescentando que, “conversando com o Paulinho Hirotani, filho do seu Yasumasa Hirotani, o pai dele foi para muitas cidades divulgar o yakisoba”.
Selo – “Inclusive no tradicional bairro da Liberdade, em São Paulo, o senhor Yasumasa vendia o macarrão dele com as verduras, ou seja, o kit do famoso yakisoba já pronto”, conta Reinaldo, lembrando que “ficamos felizes porque a história o Bunkyo de Suzano completa 87 anos de fundação em 2025. “E graças a muitos associados que hoje o Bunkyo continua divulgando, mantendo e preservando a cultura japonesa”, conta.
Segundo Reinaldo Katsumata, “a partir do tombamento, vai ser criado um selo desse yakisoba, como patrimônio imaterial da cidade, e as festas que seguirem o padrão dessa produção do yakisoba, não o industrializado, da forma que é feita, desde 1972, vai levar um selo especial”. “Com isso, acreditamos que mais pessoas vão querer conhecer cada vez mais o tradicional yakisoba de Suzano e vão querer vir na festa, principalmente na nossa Festa da Cerejeira que acontece tradicionalmente em julho”, comemora Reinaldo Katsumata.
Símbolo – Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico e Geração de Emprego, Mauro Vaz, com a aprovação do tombamento, o yakissoba de Suzano entra oficialmente na lista de patrimônios imateriais do município, reforçando seu papel na cultura e na identidade da cidade. “Fico muito feliz de ver isso acontecer, pois estamos falando de um prato bastante popular de Suzano”, declarou o secretário.
O prefeito de Suzano, Pedro Ishi também celebrou a decisão, ressaltando a importância do reconhecimento cultural. “Suzano tem uma relação profunda com a cultura japonesa, e o yakisoba é um símbolo disso. Essa decisão reforça nosso compromisso com a valorização da nossa história e das nossas tradições”, afirmou o chefe do Poder Executivo.
(Aldo Shiguti, com informações da Prefeitura de Suzano)