Encontro contou com a participação especial do embaixador do Japão, Teiji Hayashi, que ficou animado com o evento
COMUNIDADE/MINAS GERAIS
Associações nikkeis de MG se reúnem para trocar experiências e fortalecer laços
Como já acontece há sete edições, as associações nipo-brasileiras do interior de Minas Gerais aproveitaram o Festival do Japão em Minas, realizado nos dias 21, 22 e 23 de fevereiro, no Expominas, pelo Escritório do Cônsul Honorário do Japão em Belo Horizonte e pela Associação de Cooperação em Cultura e Tecnologia Brasil-Japão – ACCTBJ, com a ajuda de diversos parceiros – para trocar experiências e fortalecer as relações.
Este ano, o encontro contou com as participações do cônsul honorário do Japão em Belo Horizonte, Wilson Nélio Brumer; da presidente da Associação de Cooperação em Cultura e Tecnologia Brasil-Japão e coordenadora executiva do Festival do Japão em Minas, Yukari Hamada; do embaixador do Japão no Brasil, Teiji Hayashi; do cônsul geral do Japão no Rio de Janeiro, Takashi Manabe; da representante sênior da Jica (Japan International Cooperation Agency) Brasil, Reiko Kawamura e do deputado federal Pedro Aihara (PRD-MG).
Cônsul do Rio, Takashi Manabe também esteve presente
Jovens – Participaram cerca de cem representantes de associações de Montes Claros, Carmo do Paranaíba, Paracatu e Ipatinga, além da Associação Mineira de Cultura Nipo-Brasileira. Entre os presentes, muitos jovens e não descendentes de japoneses que se interessam pela cultura japonesa.
Wilson Brumer destacou a importância do encontro, especialmente pela oportunidade de diálogo com a Embaixada, com o Consulado do Japão, com a Jica e com a Câmara dos Deputados, todos ali representados.
Reiko Kawamura falou sobre as várias linhas de atuação da agência japonesa, presente em mais de cem países. Ela explicou que, além de bolsas de treinamento no Japão, a Jica oferece cursos que podem ser procurados por qualquer pessoa, incluindo os não descendentes de japoneses. Reiko enfatizou ainda a participação dos voluntários da Jica e os programas de subsídios.
Caravana de Paracatu
Identidade – Ex-bolsista da Jica, Pedro Aihara exaltou a oportunidade de participar de um período de treinamento no Japão e lembrou que é o único parlamentar a destinar recursos para a realização do Festival do Japão em Minas.
Segundo ele, é importante o esforço para ajudar o evento pois o festival mantém acesa a chama dos pioneiros japoneses. “Talvez não tenhamos outros momentos para nos conectarmos, trocarmos informações e conhecer histórias. Sem eventos como o Festival do Japão em Minas, aos poucos a gente vai perdendo nossa identidade”, destacou o parlamentar, acrescentando que a responsabilidade de manter essa chama acesa “é de todos nós”.
Já o cônsul geral do Japão no Rio de Janeiro disse que, para enfrentar as dificuldades que muitas associações estão passando, como a falta de associados, uma opção seria atrair a participação de não descendentes, além de jovens e mulheres.
Caravana de Montes Claros
Cultura pop – O tema foi reforçado pelo embaixador, que afirmou ter ficado muito animado com o encontro.
Ele destacou a importância de valorizar aspectos como as artes marciais como forma de manter a cultura japonesa. Como exemplo, citou Sergipe, o menor estado do país, que não tem Festival do Japão, mas promove vários eventos de artes marciais. Teiji Hayashi falou também sobre a ascensão da cultura pop japonesa por intermédio dos animes e mangás, que estão conquistando um espaço cada vez mais cativo entre o público brasileiro, especialmente os jovens.
Caravana de Carmo de Paranaíba
Repercussão – Os participantes destacaram a importância de se realizar encontros dessa natureza com mais frequência. Roberto Akira Uehara, presidente da Associação Nipo-Brasileira do Norte de Minas – que reúne as cidades de Montes Claros, Janaúba, Jaíba, Mocambinho e São Francisco -, disse que uma das dificuldades é a falta de apoio para a realização de mais eventos. Segundo ele, a associação conta hoje com cerca de 70 famílias e promove anualmente três eventos de yakisoba com o intuito de arrecadar fundos.
Por ser sansei – descendente de japoneses da terceira geração – uma de suas preocupações é como transmitir a cultura japonesa às novas gerações.
Taiko – Jorge Taniguchi, presidente da Associação Nipo-Brasileira de Ipatinga (ANBI), explicou que a associação sobrevive da mensalidade dos associados e destacou também que tem conseguido êxito com os projetos de incentivo à cultura, como o que possibilitou a criação de um grupo de taikô, o Kouryuu Daiko, que faz parte do projeto “Taiko – Vale do Aço” patrocinado pela Usiminas, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
De acordo com Taniguchi, a principal dificuldade da associação hoje é a falta de um professor de língua japonesa.
Caravana de Ipatinga
Boa situação – Fundada em 1983 por famílias oriundas principalmente dos estados de São Paulo e do Paraná – a maioria filhos de cooperados que foram para a região para desbravar o cerrado mineiro – a Associação Cultural Esportiva Recreativa Nipo-Brasileira de Paracatu, segundo seu presidente, Katsuo Shimada, “está até em boa situação”. Ele explicou que, no auge, a associação chegou a ter 100 famílias associadas, mas hoje conta com apenas metade aproximadamente.
FIB – Presente no encontro, a diretora social do Bunkyo – Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social – Teruko Kamitsuji lembrou que, desde 2007 a entidade realiza o FIB – Fórum de Integração Bunkyo. Ela explicou que o FIB reúne dirigentes e membros das entidades nipo-brasileiras com o intuito de discutir as questões que afetam o presente e o futuro da presença da cultura japonesa no Brasil. E destacou que o Bunkyo está de portas abertas para ajudar as associações.
(Aldo Shiguti)