BAIRRO ORIENTAL – Danilo Fujita toma posse como presidente e inaugura ‘nova era’ na Acal

Fundada em 1965 como Associação de Confraternização dos Lojistas do Bairro da Liberdade, a Acal – Associação Cultural e Assistencial da Liberdade – deu início a um novo capítulo em sua história com a Cerimônia de Posse de sua nova Diretoria Executiva, que terá à frente o advogado Danilo Yoshiaki Fujita, de 45 anos. Realizada no dia 8 de fevereiro, na sede da Acal, o evento serviu para comemorar também os 50 Anos de Implantação do Bairro Oriental de São Paulo.

Estiveram presentes o cônsul geral do Japão em São Paulo, Toru Shimizu; os vereadores George Hato e Márcio Kenji Ito; o diretor de Convênios no Escritório Regional de Marília – ligado à Secretaria de Relações Institucionais do Governo do Estado de São Paulo -, Walter Ihoshi; o presidente do Bunkyo – Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social -, Renato Ishikawa; o presidente da Kenren – Federação das Associações de Províncias do Japão no Brasil -, José Taniguti; o presidente da Enkyo – Beneficência Nipo-Brasileira de São Paulo -, Paulo Saita; o Chefe de Gabinete da Subprefeitura da Sé, Rodolpho Furlan Domingues; o Assessor da Presidência da Associação Comercial de São Paulo, Alexandre Luiz Ortiz e o primeiro suplente a vereador do PSD, Aurélio Nomura, além de presidentes de entidades assistenciais, representantes de associações e familiares.

História para ser respeitada – A primeira parte do programa foi dedicada à cerimônia dos 50 Anos de Implantação do Bairro Oriental de São Paulo com a inauguração de uma placa em homenagem à data. Inaugurado em 1974 na gestão do então prefeito Miguel Colasuonno por solicitação da Acal, o bairro da Liberdade é hoje um dos principais cartões portais da cidade de São Paulo e importante polo turístico.

Danilo Fujita disse que o descerramento da placa – que futuramente ficará em um ponto da Praça da Liberdade-África-Japão – representava um “gesto simbólico”, mas de “grande significado para reafirmar a nossa história, que precisa ser lembrada, respeitada e sobretudo, preservada para as futuras gerações”

Segundo ele, a Liberdade começou a se consolidar como “bairro japonês” a partir de 1973 com a introdução de ornamentos – como as lanternas suzurantos (luminárias) e o torii (portal), além da padronização das calçadas. “E hoje a Liberdade é conhecida como um dos bairros turísticos mais visitados do Brasil”, lembrou Fujita, que citou uma frase do ex-embaixador do Japão no Brasil Akira Yamada: “O bairro da Liberdade, em São Paulo, é conhecido como um dos maiores bairros japoneses do mundo. Não seria exagero dizer que é o lugar que mais se sente o Japão no Brasil.”

“O nosso compromisso agora é garantir que a Liberdade continue a evoluir e não perca a sua essência”, destacou Danilo Fujita.

Novo presidente da Acal, Danilo Fujita brinda com autoridades e diretoria modernização e mais jovens

Yataro Amino, que presidiu o Conselho Deliberativo da Acal e participou – e continua participando – da história do bairro, explicou que, “quando mencionamos simplesmente 50 anos, isso soa uma longa história, mas também pode ser curta”. “Durante esse tempo, houve muitas reviravoltas, e agora tenho-as somente como lembranças nostálgicas, mas todos os dirigentes da Acal naquela época atuavam com muita seriedade e se empenharam para o desenvolvimento com a cooperação dos vereadores nipo-brasileiros”, recordou Amino, afirmando que “hoje a Liberdade é um bairro próspero, conhecido como ponto turístico e bairro frequentado por muitos universitários”.

Para ele, o bairro da Liberdade é um símbolo da contribuição que os imigrantes japoneses deram em todos os campos, especialmente na agricultura, nesses 117 anos desde que se estabeleceram aqui no Brasil, e do reconhecimento que receberam deste país e de seu povo”.

Conselho Deliberativo – Após a interpretação, à capela, dos hinos nacionais do Brasil e do Japão por Ayako Kamimura e Kaju Fugita, o novo presidente do Conselho Deliberativo das Acal, Akio Ogawa, chamou à frente sua diretoria, composta por Yasuyuki Hirasaki, Kazuo Osaka, Selva Mara Ferreira e Nair Yano.

Representando as entidades assistenciais, o presidente da Enkyo, Paulo Saita, abriu a série de discursos. Na sequência, discursaram o presidente do Bunkyo, Renato Ishikawa, o presidente da Kenren, José Taniguti e os vereadores Kenji Ito e Gorge Hato, além de Aurélio Nomura.

Renato Ishikawa iniciou sua fala prestando reverência aos pioneiros e destacou o crescimento do bairro da Liberdade, segundo ele, “inevitável”. “No entanto, pode-se dizer que a Liberdade ainda continua sendo uma importante referência da comunidade nipo-brasileira, um local onde é possível ter acesso aos aclamados produtos japoneses”, afirmou.

Presidente do Bunkyo, Renato Ishikawa: crescimento e fortalecimento do bairro

José Taniguti parabenizou o trabalho do antecessor, Pedro Yano que, apesar dos seus 91 anos, continua ativo. O presidente da Kenren ressaltou que “pouco a pouco o bairro passou a ser ocupado por outras etnias, mas a cultura japonesa prevalece aqui porque nós temos os símbolos muito presentes, começando pelo torii, o Jardim oriental e nomes japoneses em viadutos, além de entidades como o Bunkyo e a Enkyo”.

Baluarte – “Muitos japoneses já não estão mais aqui, mas resta a Acal bem como outras entidades para dar continuidade a esse legado conquistado pelos pioneiros”, disse Taniguti, acrescentando que a Acal “tem um papel muito importante”. “A Acal é um baluarte, uma fortaleza que está aqui no bairro da Liberdade para preservar e transmitir a cultura japonesa que ainda vai perdurar por muitos e muitos anos”, disse.

Aurélio Nomura destacou o projeto Esplanada Liberdade, que teve início há 30 anos, e promete revolucionar o bairro da Liberdade enquanto Kenji Ito destacou que sua presença nos eventos da comunidade japonesa não era “uma promessa de campanha, mas um compromisso pessoal”.

Legado – O cônsul Toru Shimizu disse que “o bairro da Liberdade é um espaço onde a história e a cultura japonesa se entrelaçam com a identidade de São Paulo, formando uma ponte valiosa entre o Japão e o Brasil”. “Esta conexão, construída ao longo de décadas só foi possível graças aos esforços e a dedicação de muitos membros da comunidade nikkei. Nesse contexto, a Acal tem desempenhado um papel fundamental guiado pelo espírito de cooperação e solidariedade. O compromisso de suas sucessivas gestões com a preservação das tradições, a promoção da cultura japonesa e o apoio à comunidade local é digno do nosso mais profundo respeito e reconhecimento”, destacou o cônsul.

“Acreditamos que este legado de união e força continuará a prosperar com a condução do senhor Danilo Fujita e nós, do Consulado Geral Geral do Japão em São Paulo nos colocamos à disposição para contribuir com o que estiver ao nosso alcance”, finalizou Toru Shimizu.

O novo presidente da Acal, Danilo Fujita, com o cônsul geral Toru Shimizu

Coragem – Em seu discurso, Danilo Fujita lembrou alguns nomes que passaram pela Acal, como Yoshikazu Tanaka, Tsuyoshi Mizumoto, Tetuya Fujimoto e, claro, Hirofumi Ikesaki. Agradeceu, especialmente, seu antecessor, Pedro Yano, “pela coragem que ele teve ao reorganizar a parte administrativa e financeira da Acal”. “Graças a ele hoje eu tenho talvez uma autonomia maior para pensar o futuro”, explicou Danilo, afirmando que, até então, “nossa preocupação era apenas pagar as contas”.

Lembrou sua ligação com a cultura – sua família é da Livraria Sol, inaugurada em 1949. Segundo ele, talvez tenha essa relação que o fez aproximar da Acal, que também é uma associação cultural. Agradeceu à família, os vereadores e revelou que, em sua gestão, pretende priorizar dois focos.

“Além de manter o que a gente já fez até hoje, gostaria que a associação pudesse ser modernizada e que a Acal”, destacou, afirmando que seu segundo desafio é trazer uma linguagem mais jovem para a Acal.

Por fim, Danilo Fujita convidou a todos para trazerem suas ideias “para juntos expandirmos nossas atividades e atrair novos associados e, principalmente, garantir que a cultura, que tanto admiramos, continue viva e vibrante para as novas gerações”.

Seu pai, Roberto Fujita, comandou o brinde.